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sábado, 26 de junho de 2010

CRÔNICA 1 - DIAMANTE QUEBRADO


O que seriam as poesias tristes senão um exercício criativo do instinto egoísta em compartilhar sensações negativas? Cair na asneira mundana de achar que distribuindo dor, diminuímos a nossa. Como se ao administrarmos revolveres para nossos próximos não aumentasse, estatisticamente, a chance de levarmos um tiro. Intencional ou não. Forçarei-me, hoje, a ser medíocre em palavras para sensibilizar de modo rápido e fazer de uma mera especulação, possibilidade e realidade.

Seria só eu ou mais algum dos milhões de fãs de MMA espalhados de Filipinas à Dubai também está achando suspeito o excesso de lesões que lutadores do UFC vem sofrendo nos últimos três meses? Bem, reformulando, lesões que os lutadores dizem que vem sofrendo, porque, só a teoria do caos de Henri Poincaré aponta para uma possibilidade menos sinistra.

Essa sucessão de lesões, infecções e doenças misteriosas pode não ser nada mais do que apenas um sistema dinâmico não-linear, aonde a resposta padrão a um distúrbio não é diretamente proporcional a intensidade deste. O distúrbio seria a postura arrogante e não benevolente do diretor Dana White, que, apesar de pagar bem aos atletas, os coloca em condições quase vassalares de “ dá ou desce” , em contratos extremamente danosos ao perdedor. Um contrato assim não seria nada demais, tendo em vista o retorno positivo das bolsas e fama, mas, pode, de acordo com a teoria do caos, gerar uma insatisfação e frustração tão grande em alguns atletas por contraponto a como acham que mereceriam ser tratados, que prefiram não lutar a lutar em condições que não lhes sejam perfeitamente favoráveis. Por que Thiago Alves aceitaria lutar com Paulo Thiago quando vinha se preparando há 3 meses para um atleta completamente diferente (John Fitch). Se ele vencesse a luta, todas as beneces. E se perdesse? Teria o patrão, Mr. Dana, o bom senso de olhar para as cláusulas contratuais que preveem diminuição de bolsa em caso de derrota com os olhos do coração como Thiago teria feito ao aceitar manter uma luta com um oponente diferente? Seria a rigidez excessiva do menager do UFC suficiente para fazer lutadores se locupletarem em brechas nas regras das comissões atléticas para poder desistir de uma luta (por causas médicas) sem nenhuma sanção? Teria o UFC criado um sistema aonde vale mais abandonar uma luta por não se achar 100% preparado do que ser macho e cair dentro? Quando se controla um grupo o prêmio ao esforço tem que ser constante. Contratos que punem o derrotado com cortes prematuros de grana ou continuidade na empresa fazem o atleta temer mais o papel do que os socos do oponente, aí, a luta já começa a ser travada fora do 8.

Thiago Alves, Napão, Minotauro, John Fitch, todos alegam doenças, viroses ou lesões, mas todos tinham em comum adversários duríssimos que não os levariam, necessariamente, direto para uma disputa de cinturão. Para Anderson Silva e Lyoto surgiram lesões que necessitavam de cirurgia imediata! Que, infelizmente para nós e coincidentemente para eles, os afastaram de seus dois adversários sabidamente mais temíveis: Vitor Belfort e Shogun. Pode ser que tudo isso realmente tenha acontecido e que tenham enterrado uma caveira vermelha embaixo da lona do Ultimate mas, pra mim, me parece mais o famoso caso de amarelismos agudus. Em meio a essas desistências está a de Brock Lesnar e Quinton Jackson. O primeiro tem uma doença misteriosa e, realmente, parece estar mal, com possibilidade de nunca mais lutar. Quinton preferiu participar da refilmagem do Esquadrão Classe A.

A maior punição para um atleta deve ser a derrota. O orgulho ferido, seu cinturão trocar de mãos. Mas os contratos do UFC impõem mais algumas mazelas e os bons atletas, treinados para suportarem as mais terríveis intempéries de golpes e ataques, aprenderam a se esquivar, o quanto podem, das cláusulas contratuais. Pena o Lyoto não ter se esquivado com o mesmo esmero dos chutes do Mauricio Rua e nem o Spider ter certeza que se esquivaria dos pistões de prensa do Belfort. Se fosse o caso eles não temeriam mais os contratos da companhia do que a decepção dos fãs.

O octagon é chamado por muitos de diamante, por conta do formato da sua planta baixa e, daqui de fora, percebo umas micro ranhuras, quase imperceptíveis, em suas diagonais.


TWITTER: @nicoanfarri

Um comentário:

  1. ótima cronica Nico !
    é por isso q mesmo com 25 anos eu ainda tenho uma ponta do sonho de lutar o MMA pelo menos uma vez.
    o problema é q como em qualquer esporte, tem q se conhecer alguem ou ser "apadrinhado" por alguma academia.
    to quase procurando uma. :p

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