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terça-feira, 6 de março de 2012

ANÁLISE: UFC 144 - Edgar VS Henderson


A torcida japonesa vaiou lutadores no chão, fez fiu-fiu para ring girl e gritou durante as lutas. Em 10 anos o Japão mudou e o MMA asiático também, mas qual deles para melhor? Eram urgentes apresentações emocionadas. Código de samurai, coração e honra que trariam glória mesmo sem vitória que incitaria o orgulho de sua nação. Isso não aconteceu. Se dependesse das grandes estrelas japonesas a sobrevivência do esporte no Japão, teria sido cometido haraquiri nesse UFC 144. Os atletas que deveriam ligar o desfibrilador para trazer o MMA de volta a vida, tropeçaram na tomada e forçaram uma eutanásia. Bem diferente das apresentações inspiradas e inspiradoras de quase todos os brasileiros nos dois eventos no Rio de Janeiro, os asiáticos tremeram que nem peixe recém saído d’água ao se apresentarem frente a sua torcida. Um evento comum vai medir se a Ásia ainda é realmente fã de MMA ou eterna viúva do PRIDE, porque se o público e mídia locais estavam esperando alguma coisa que os lembrassem de Fedor, Minotauro, Sakuraba, Wanderlei e outras mega estrelas em seu auge, tiveram suas expectativas fatiadas lentamente. O Saitama Super Arena já foi palco de momentos melhores.

Frankie Edgar VS Ben Henderson

MMA evoluiu e se desdobrou em muitas formas, mas a única que se mantém inalterada, ao redor da qual as mudanças dançam e se contorcem, é a emoção. Afirmar que sair trocando é o único modo de fazer a luta empolgante é desculpa esfarrapada de lutador de jiu-jitsu que não tem mais saco para ficar no chão. Da mesma maneira que Ben Henderson desmistifica a idéia que boa luta tem que acabar em nocaute ou finalização. Suas últimas 5 lutas foram todas excelentes e todas terminaram por decisão. E dois dos lutadores mais comprometidos com ataque, movimento e qualidade de todos os tempos colidiram nesse UFC 144. Se é verdade que foi uma boa luta, e não tinha como ser diferente, também posso afirmar que já vimos e iremos ver outras bem melhores esse ano. E se não foi o combate do século que o atrito de estilos e sonho dos dois previu, foi com certeza, um desfile de MMA do mais alto nível. De preparação física, estratégia, técnica, talento a coração. Não faltou quase nada nessa batalha ferrenha pelo cinturão dos leves, só pecou pela dose econômica do que sempre tem em exagero em suas lutas. A tal da emoção.

Foi uma boa luta, mas Ben e Frankie podiam fazer melhor. Fora aquele chute de Henderson no primeiro round que se pega arregalaria os olhos até do japonês mais rabugento e a pedalada no segundo, foram 5 rounds iguais. Tão quase desprovidos de real particularidade que me peguei olhando para o marcador digital todas as vezes em que revi a luta, para conferir o número do round. E revi a luta quatro vezes. Venceu Benson, mas poderia ter sido Edgar ou empate e o cinturão estaria em boas mãos do mesmo jeito.

Edgar é notável. O pressionarem para descer de peso é negar o que lhe faz tão incrível. Venceu Penn, Maynard e perdeu uma luta extremamente equivalente contra Henderson. Se os 3 maiores e melhores que o peso leve tem a oferecer mal conseguiram lhe fazer frente, imaginem os outros. Edgar pode voltar a ser campeão no peso ou descer. Que fique a seu critério, seu destino brilha tanto que ofusca a maioria. No leve, onde é minúsculo, cada luta sua é um exemplo comovente de superação, paixão, talento, esforço. Qualidades que a maioria nem possui, ele tem de sobra. No peso pena ele seria praticamente imbatível, no peso leve ele dá lições de vida. Ser grande é mais do que ser maior e a maioria que baixa o olhar para vê-lo passar também abaixa a cabeça em respeito. Edgar concedeu duas revanches imediatas para dois dos maiores da atualidade, e agora que perdeu, Dana White não quer lhe dar o mesmo direito. Justiça poética seria feita com Edgar VS Henderson 2. Seria o correto astralmente, fecharia a trilogia de revanches, mas ao mesmo tempo empenaria mais uma vez o processo de seleção natural desse que é o peso mais emocionante da atualidade. Torço para que aconteça o que Edgar preferir. Ele fez por merecer.

Ben Henderson é poderoso. Quantas ave Marias e pai nossos não deve rezar para purificar sua alma depois de descer tanta porrada nos adversários. Poucos são tão impetuosos e violentos como ele. Disciplina e talento vem em doses moderadas nos seres humanos normais. Se acomodam por aqui, dentro do cerebelo e do miocárdio confortavelmente. Mas em Bendo, são qualidades exageradas se espremendo para ocupar espaço que parece insuficiente. Tanto para tão pouco espaço que transbordam e seus adversários pagam o preço. Ben é um atleta perfeito sem espaço para gordura, frescura, fraqueza. Não tem excesso ruim. É uma coleção de influências, vontades e certezas tensionadas por uma cintura onde passam apenas nervo e coluna vertebral. Henderson é um dos maiores do mundo toda hora. Mesmo nas derrotas, é sempre o mesmo. Imbatível até que perde, e imbatível novamente depois que se ergue. Tem a sigla WEC carimbada em suas moléculas, show em seus movimentos, má intenção em seus golpes, fé em sua dor. Benson Henderson machuca antes de vencer, fere antes do fim. Se Edgar era um campeão respeitado, Ben será temido. Numa revanche Benson vencerá de modo mais contundente e partirá o coração juvenil de Edgar, que depois de Penn, Maynard e Ben, se lançará contra os joelhos de navalha de Aldo e será canonizado em algum estado do sul dos EUA.

Ryan Bader VS Quinton Jackson

Bader só tem duas derrotas na carreira. Uma para Jon Jones, que é café com leite nessa conta, e uma completamente eventual para Ortiz. Se lutarem mais 10 vezes Bader ganha todas. Mérito de Ortiz que venceu um dos jovens mais promissores da atualidade, mas um problema para quem achar que será fácil fazer o mesmo. Bader bate forte, tem queixo duro, excelente wrestling e pedigree. Raça que não tínhamos visto até então foi comprovada ao ser aparafusado de cabeça no chão pelo mestre da arte dos slams e, não só sair vivo ou sem alguma forma de paralisia, como continuar sendo superior e vencer a luta sem dificuldades. Ryan Bader não é carismático, não luta bonito, não tem talento para ser campeão e nem chegará perto, mas é um dos melhores da categoria e passará fácil por todos que subestimarem sua combinação de força física, disposição e pragmatismo.

Quinton Jackson já perdeu muito do que o fazia tão perigoso. Não tem mais sangue no olhar, não quer mesmo aquilo ali. Como percebemos em sua participação no filme Esquadrão classe A, é um ótimo ator. Tão bom que ainda convence alguns de que ainda se dedica aos treinos, que acha relevante o resultado das lutas e etc. Não me parece verdade. Claro que não gosta de ser derrotado, mas não é acometido pela dor de quem realmente anseia pela vitória. Jackson entra para ganhar dinheiro, sem magia, sem sonhos maiores. Virou um profissional sem alma do MMA. “Aquele cara que uiva”. Uma sombra tênue do grande lutador que á foi. Mesmo assim ainda é TOP 10 do meio pesado e melhor que Ryan Bader. Uma lesão no joelho o levou a prejudicar todo o treinamento e fazer uso de testosterona pela primeira vez na carreira. Entrou pesado, embaçado, parrudo, lento e sem o espírito do PRIDE que tentou evocar com a música durante sua entrada. Quinton fez o melhor que pode ou foi desleixado? Lutou pelos fãs ou por grana? É prepotência minha responder, mas fato é que mesmo mal preparado perdeu por pontos e teve chance de vencer. Jackson ainda pode fazer grandes lutas e ser relevante no peso se quiser, mas parece não querer.

Uma luta onde um agradeceu a sorte de faltar ímpeto vencedor ao outro. A um faltou por despreparo e a outro por não ter ambição. Dois clones táticos, wrestlers que seguram a luta em pé para boxear, fizeram uma luta quase sem boxe. Reticente e covarde. Um não querendo perder feio e outro com medo de por tudo a perder. Vencido e vencedor, os dois decepcionaram.

Mark Hunt VS Cheick Kongo

Se Kongo não fosse francês sua figura escura e assombrosa já estaria estampando os cartazes de divulgação de outro evento. Especialista em fazer lutas chatas, tem naquelas com fim abrupto as únicas divertidas. Seu estilo é tão comedido, tão obvio,que a luta precisa acabar rápido para não ser daquelas que levantamos para fazer pipoca. Quanto mais a luta dura, mais duro é de assistir. Tem na derrota para Mir e na vitória inexplicável sobre Barry as únicas lutas realmente empolgantes desde que começou sua carreira. Fora isso o que vemos é ser dominado sem esboçar reação por vários rounds, ou derrubar e amassar atletas de menos potência física ou expressão. Sua viagem ao Japão não foi de toda improdutiva já que nos presenteou com um nocaute rápido pelas mãos impiedosas de Hunt.

Hunt estava com a carreira paralisada quando entrou no UFC. Dana White afirmou não saber o que fazer com ele já que se tratava de um lutador limitado. Mas Hunt é mais ou menos como Thiago Alvez, se colocado contra um lutador completo terá poucas chances, mas contra um trocador vai dar show. Com a vantagem de que Hunt é realmente bom de trocação e não vai entregar o pescoço para uma guilhotina a segundos do fim quando está metendo a porrada em pé e vencendo a luta. Os mais novos nem devem saber, mas esse gordinho parafinado é um dos melhores trocadores de todos os tempos. Campeão do K1 e praticamente imbatível em pé. Venceu Kongo com a frieza de Hannibal Lecter fritando o cérebro da vítima ainda viva amarrada a cadeira. O octagon era pequeno demais para congo fugir. Deu um knockdown, parou e o esperou se levantar, tipo Jason, e mesmo caminhando lentamente alcançava o adversário que só corria. Bambeou Kongo com um soco em sua guarda fechada. Nem os dois antebraços do negão aguentaram o impacto, que saiu saindo meio de lado, meio Carlos Condit. Mas Hunt que não é Nick Diaz mostrou como se faz e o nocauteou sem a menor dificuldade. Só dá para trocar com Hunt com ajuda da sorte. E essa costuma servir para o adversário não sair de maca ou com lesões graves. Num mundo bizarro e inacreditável, poderia nocautear Barry, Struve, Roy Nelson, Shane Carwin e disputar o cinturão contra Overeem ou Cigano na maior trocação da história do peso pesado. Mas no mundo sem magia em que vivemos, vão colocá-lo contra Browne, Mitrione ou outro que irá derrubar e vencê-lo com facilidade.

Jake Shields VS Yoshihiro Akiyama

Akiyama foi finalizado por Leben que não sabe nem passar guarda, foi superado no boxe pelo limitado Bisping e caiu no chão sem levar nenhum soco de Belfort. Será que ninguém da direção do UFC vai tomar uma providência? Um lutador pode perder muitas lutas e ainda estar no evento por dar shows, motivar o público e essas coisas. Mas ser mantido após 4 derrotas seguidas em lutas desagradáveis é supervalorizar o apelo do atleta junto ao seu país. É colocar propaganda acima da realidade do combate, embalar o MMA a vácuo. Vou pedir dupla cidadania portuguesa e tentar um contrato junto ao UFC para defender a terrinha. Akiyama não lutou nada na frente de seu povo, não tem perdão. Se soubesse palavrão em japonês,o inseriria aqui nesse exato momento. Fez estritamente o mínimo que podia fazer sem chegar a parecer um lutador amador, mas foi o suficiente para vencer Shields. Por muito pouco. Por um fiapo de cabelo liso. Mas não foi isso que os árbitros laterais viram e deram a vitória para o americano. Foi garfado na terra dos pauzinhos. Honra e apatia se misturaram no discurso pós luta decorado de Akiyama, que parecia já saber ter poucas chances de ganhar. Vai continuar no UFC, mas merecia sair. Sua presença é um mau exemplo e desmotivante para tantos talentosos que merecem uma chance e não conseguem. Ou quando conseguem são sumariamente cortados como Rony Torres e Williamy Chiqueirim.

Jake Shields parece atendente de telemarketing. Deixa a alma no vestiário. Se o olharmos nos olhos veremos a nuca. Não tem nada lá dentro. Shields é tão lento que parece lutar dentro d’água. Cabeça grande, guarda baixa, mão de espuma. Tem em seu excelente jiu-jitsu que não consegue mais aplicar, sua mais letal arma. Lutou contra Akiyama como lutou desde que entrou no UFC: Mal. Para cada apresentação abaixo da média tem uma desculpa instantânea. Contra Kampmann afirmou ser o nervosismo da estréia e o corte de peso, contra GSP o nervosismo de disputar o cinturão no maior evento do mundo, contra Ellenberguer estava superando a morte do pai. Dessa vez deve ter sido a mudança de fuso. Fato é que vem sempre se apresentando de modo melancólico. Parece forçado a estar ali ou lutando para pagar a cirurgia de alguém. Shields não foi melhor que Akiyama, mas venceu. Levou duas quedas cinematográficas pontuando no placar 2 a 0 para o judô sobre o wrestling, mas andou um pouco mais para frente e forçou um pouco mais a luta. Se lutar assim contra qualquer atleta top 20 do peso meio médio, não passa do segundo round.

Yushin Okami VS Tim Boetsch

Tim Boetsch é um atleta esforçado, com grande poder de nocaute e nenhuma qualidade a mais. Não é particularmente forte fisicamente, bem preparado ou criativo. Sai pra trocar e se ficar difícil, tenta derrubar. Se não conseguir, continua trocando até um cair. E era ele quem estava para sucumbir quando Okami resolveu mostrar porque os atletas japoneses são o Botafogo do MMA atual, e entregou a luta no final. Sem motivo aparente, apenas amarelou para um adversário que vinha dominando e foi nocauteado. Tim conseguiu a maior vitória de sua vida e deve estar até hoje dando gargalhadas. Se alguns ainda se esforçavam para ranquear Okami entre os 10 melhores do peso, agora terão mais dificuldade para sustentar o argumento. Desmantelado com jabs por Anderson Silva e nocauteado pelo inexpressivo Boesch em sua terra natal, o asiático vai ter que comer muito sushi sem shoyo para voltar a ser relevante. Okami vai voltar para o limbo de lutas preliminares e main events sem importância de onde foi extraído para se apresentar no UFC Rio.

Anthony Pettis VS Joe Lauzon

Lauzon faz um pouco de tudo. Especialista em generalidades e esquizofrênico dentro do octagon, é capaz de dar knockdown em Melvin Guillard com segundos de luta e ser dominado no chão feito faixa branca, sem reação, por Sotiropoulos. Nunca sabemos que Lauzon se apresentará, mas é fato que nunca luta com a tenacidade de quem se leva a sério. Entrou achando que Pettis era Guillard, que daria para trocar, fazer uma graça para os fãs, provar que esse falatório a respeito do adversário é só papo furado da mídia, que aquele chute no último WEC contra Henderson é só firula. Acabou nocauteado, dormindo de olho aberto pra ver o tamanho das besteiras que vinha dizendo. Pettis é um dos melhores da atualidade. Completo, versátil, criativo, agressivo. Estreou mal no UFC com ajuda do arbitro Steve Mazaggati que deixou Clay Guida se debruçar sobre ele durante 3 rounds sem mandar levantar. Se fosse a mesma medida para Anthony Jhonson contra Belfort, o resultado da luta poderia ser bem diferente. Venceu claramente Jeremy Stephens, mas os árbitros deram apenas decisão dividida. Percebeu que dos homens de terno não virá admiração para seu show e resolveu sapatear na cara de Lauzon. Fingiu que ia chutar embaixo e meteu em cima. Simples e letal. Resumiu o texto cheio de blá blá blá da trocação em MMA com a genialidade dos ousados. Venceu e clamou por uma revanche contra Ben Henderson. Ele merece, mas Edgar merece mais. Pettis VS Edgar seria muito boa. Na verdade qualquer luta que envolva Anthony Pettis tem tudo para ser boa demais. Quando não é, é culpa do outro.

Takanori Gomi VS Eiji Mitsuoka

Eiji Mitsuoka é um lutador mediano. Tivesse se aventurado no mercado americano ao invés de se entregar ao circuito fechado do Japão, já teria abandonado a carreira. Entrou nesse UFC para apanhar e fazer a estrela de Gomi voltar a brilhar. É um mistério como não apenas foi melhor que seu adversário superstar no primeiro round, mas dominou em pé e no chão. Passeou pela terra arrasada da psique do ex fireball kid. Gomi desenvolveu o habito de ler Nietzsche antes de entrar para lutar. Deve ter confundido com livro de auto ajuda já que sua moral e carreira andavam em baixa. Takanori entra para triturar e no primeiro soco que passa zunindo perto de franja, começa a filosofar e questionar sua existência e função nesse universo. Com 5 derrotas nas últimas 8 lutas, tinha que vencer essa. Menos pela luta ser no Japão e mais pela qualidade inferior do adversário. Antes de querer salvar o MMA em seu país tinha que salvar e si próprio. Apanhou, quase foi finalizado e retornou mudado para o segundo round. Quase como se voltando de longa de descoberta espiritual. As porradas e a chave arrochada que levou desparafusaram alguma coisa em sua consciência e voltou a ser ele mesmo. Gomi era um trocador desmiolado e fantástico. Um gênio louco. E com pedaços seus largados no canto do corner, ficou mais leve. Deixou o escudo, o capacete e veio veloz. Atacou, intimidou, predou e venceu. Gomi finalmente estreou na organização no segundo round do UFC 144. Gomi lutando assim, despudorado, prepotente, desrespeitoso, desmantela a maioria dos que pararem em sua frente. O Gomi que vinha se apresentando medroso, filósofo, cheio de dramas e dilemas, vai ter nessa um oásis de vitória num mar de derrotas que virá.

Kid Yamamoto VS Vaughan Lee

Lee foi mais um adversário escolhido a dedo para permitir vitória sem muitos percalços da estrela do país. Mas Kid Yamamoto, outrora um dos melhores que caminhou sobre a terra, tornou-se medíocre. Com 5 derrotas nas últimas 6 lutas, simplesmente arruma sempre um modo de perder. Parece que desenvolveu instinto masoquista ao longo desses anos todos. De tanto ganhar, começou a desenvolver paixão bandida por perder. Kid disse vir escondendo uma lesão em suas últimas lutas que o prejudicou. Entrou 100% nessa e lutou ainda pior. Era uma máquina de lutar. Qualidade, esperteza, velocidade, explosão distribuídas de modo industrial, sem falhas, sem descanso. Nunca estava de bobeira, sempre atento, sempre querendo ser o melhor do mundo. Ambicioso e com coração e talento para agüentar o tamanho dessa prepotência. Não é mais nada disso. Kid parece estar sempre a um jab de distância do nocaute, a um arrocho da finalização. Tentei entende-lo e não consegui, não tento mais. Perdeu uma luta que vinha ganhando porque não consegue mais superar nenhuma adversidade. Parece mimado, em carne viva, magoado. Qualquer coisinha é muito. Lee sorveu do delicioso fruto que só saboreiam os perseverantes e conseguiu a maior vitória de sua vida.